Barra do Bugres
- Pantanal 360
- 16 de out.
- 3 min de leitura
Como terminamos tarde as fotos na nascente do Rio Paraguai, nem conseguimos almoçar, eu estou acostumado, mas o Francisco coitado, quase morreu de fome! Lá pelas 16:30 já perto de Arenápolis lembrei de perguntar a ele se estava com fome, o que ele prontamente me devolveu a pergunta: - O que você acha???!!!!
Paramos num posto de gasolina e ele comeu um salgado e um suco, eu fiquei só com um café, quando estou no meio de fotografias que capturam minha atenção, eu esqueço de comer, alias nem fome eu sinto, parece que entro mum estado de euforia, de satisfação tão grande que as outras coisas nem me importam.
Chegamos por volta de 17:30 em Barra do Bugres, instalados no hotel, liguei para o Lenon, que é vereador na cidade e também morador da Aldeia Umutina. Ele me deu notícia que devido uma chuva muito forte na noite passada a balsa não estava cruzando o Rio Paraguai, mas me falou que logo atras da ponte, onde o Rio Bugres tem sua foz no Rio Paraguai era da reserva dos Balapotiné, e que ali era território deles.
Jantamos na cidade e fomos dormir cedo, claro que não sem antes eu organizar todos os arquivos do dia, coisa que é uma rotina para mim, descarregar todos os cartões, identificar as pastas, e colocar em dois hd’s diferentes, um original e outro de backup.
Acordamos bem cedinho, pois, gosto de ver como a luz é na cidade pela manhã, só tomamos um cafezinho e fomos para beira do Rio Paraguai dentro da cidade, o sol nascendo, o encontro dos Rios Bugres e Paraguai logo antes da ponte da rodovia, foi bem bonito o nascer e as fotos que fiz para colocar no óculos VR. Depois de umas 2 horas ali, voltamos ao hotel para o café da manhã, o qual Francisco comeu bem, mais que de costume, pois segundo ele, para ficar precavido dos meus esquecimentos de comer e almoçar, rimos bastante disso!
Fomos ao lugar que o Lenon me falou, e parece um mini pantanal, com meandros do rio Bugres formando pequenos corixos e algumas lagoas.
Resolvi ir até a entrada da Aldeia Umutina, quem sabe as águas abaixaram e a balsa voltou a funcionar?
Encontrei com vários indígenas limpando a foice a estrada, fui até a balsa e ela estava do lado oposto, voltamos a estrada para falar com o pessoal que estava limpando o mato, e me apontaram o Cacique Luciel, que me disse que a balsa estava funcionando, pois o rio baixou durante a noite! A balsa é manual, e para subir e descer, é por pranchões, aventura e perigo fazem parte do pacote!
Atravessamos tranquilos, o rapaz que maneja a balsa é muito experiente, e foi tudo muito tranquilo.
Na aldeia procurei os professores, Márcio e Vandemilson, que me contaram os mitos de surgimento dos Umutina, e o lugar de sagrado que o Rio Paraguai ocupa para eles. Segundo a cosmologia Umutina, o Rio Paraguai surge quando uma mulher que está prestes a dar a luz, precisa ir a outra aldeia, e no meio do caminho seu filho nasce, seu sangue e liquido aminiótico, escorrem pelo solo e deles surge o Rio Paraguai, que portanto é o rio da vida. Fiquei realmente emocionado! Aproveitei e entrevistei eles, para registrar essa ligação tão profunda desse povo originário com o Rio Paraguai, suas matas e morros.
Passei na casa do Cacique Luciel para agradecer a acolhida na sua aldeia, e me despedir, mas ele nos convidou para almoçar com ele e sua família, ensinei as crianças algumas coisas de fotografia para o Instagram da Aldeia, conversamos, comemos e tomamos café, e eu e Francisco compramos artesanatos de sua mãe, que muito gentilmente me deu uma mini bolsinha Umutina para eu colocar no retrovisor do meu carro, uma lembrança que sempre estará lá e comigo!
Atravessamos a balsa novamente, e retornamos a Cuiabá, para nossa próxima viagem, rumo ao Porto Jofre, o Pantanal do Rio Cuiab
á.















